27 maio, 2008

Sessão cartas II

ir embora, ficar longe de pessoas, de humanos. humanos são os causadores dos meus problemas. pessoas e dinheiro. e como dinheiro é feito por pessoas, logo...

cansada. cansada da vida, de frescura, de não poder fazer, de não poder ver, de não poder. cansada do tempo, do rodoviária, do sono, das festas, das bandas, das pessoas... é o acordar todo dia de manhã já sabendo do final do dia. é ficar triste por estar bem, aparentemente bem, superficialmente bem, falsamente bem. cansada da falsidade, da brutalidade e da falta de educação. tenho que levantar, escovar os dentes e sair todos os dias.

e o líquido hidroxilado não adianta. e os abraços demorados não são para sempre. o sorriso é só externo. a fumaça vai matando aos poucos.

festas estranhas. o pouco que muda também é estranho. com pessoas estranhas. conversas estranhas e cousas estranhas. cenas de embrulhar o estômago, respirar fundo e olhar pro céu: "fica quieta que uma hora acaba, fica calada que uma hora passa, aproveita e sai daí."

vontade de trancar as porta de novo, só preciso lembrar onde pus as chaves...

queria ter pelo menos um pouco de paz. 24 horas de sossego. 24 horas... sem memória.

de que adianta sorrir? o rosto esquece, mas a mente não. mas adianta... adianta por milésimos de milésimos de segundos - é o tempo, a trégua que o cérebro dá - um período sem memória, uma fração de vida.

ah! e quase ia esquecendo... obrigada.

Àquele que me faz feliz.

Elenise Penha

22 maio, 2008

"Que é só mais um lamento entre tantos já feitos
quisera desse jeito lembrar de outros tempos
só pra matar um pouco a saudade
mesmo assim querendo que você não ouça
meu grito aqui de longe
minha dor, meu lamento"

Mais um Lamento - Céu
apertos no peito, olhos ao céu, abraços que salvam, momentos que matam, sorrisos e sonhos...

ôô vida de gado!

20 maio, 2008

Não, obrigada...

17 maio, 2008

Crônica dos braços não torcidos

Pessoas. Pernas em movimento. Dentes a mostra. Copos e fumaça entre os dedos. Muitas pessoas: festa.
Ele está distante. Ela também.
Está confusa e um tanto animada, talvez ansiedade para vê-lo. Talvez. Seus olhos não cruzaram com os dele até aquele momento.

Ele continua distante. Então ela o vê, corre e vai a seu encontro. Não abraça. Um balde de hidrogênio líquido cai sobre sua cabeça. Ela não se importa. Várias partes dela já estavam congeladas a tempos.
Ele permanece na pose, aliás, os dois. Dois corpos que ansiavam por se encontrar, mas não admitem. Nenhum braço é torcido.
Mas ele a observa, de longe. Todos os movimentos, todos os passos. Tudo. Cada gesto, cada palavra é gravada. Ele é sutil.
Talvez goste dela, talvez.

Quando estão sozinhos, os dois se entendem muito bem. Ali não é necessária nenhuma pose. Ali ele tira a máscara e desamarra os punhos. Ele a abraça e olha no fundo dos olhos dela.
Não é necessário nenhuma palavra.

Mas... isso é real???
...

Isso já faz muito tempo. Eles agora não se vêem mais. Encontros casuais, apenas. Ele mudou, ela também. Ela terminou o curso. Ele arranjou um bom emprego. Cada um com seus afazeres. Até que, um belo dia, ao cruzar a calçada, os olhos se encontram. Um risco de reconhecimento passa pelo cérebro de ambos. Um sonhos antigo, um sonho. Faz tanto tempo. Ela continua linda e ele aprendeu a erguer os olhos, mostrando todo o seu charme. Mas os olhos apenas se cruzam. Nada mais. Só o sonho permanece. Nada mais. O telefone não grita. A campainha não soa. Nada mais.




13 maio, 2008

tempo parado

nada.

nada de poesia

nada.

só vermelho

sangue quente

corpo quente

que ferve, que arde

mais nada.

06 maio, 2008

Primogênito acróstico

anos juntos
amigo, filho, irmão
de nada, cara

para meu amigo. criatura, és o maior e mais belo de todos!

A
pareceste pra mim sei bem quando
é
s aquilo que me fascina, meu grande amigo
c
erteiramente com sua beleza inefável
i
nstalou-se em minha torpe existência, sem comando
o
irmão mais novo que tenho sempre comigo


obrigada por existir na minha vida...

04 maio, 2008

Um gole de vinho

palavra presa na garganta
sonhos estranhos
pessoas mortas
imagens surdas
fortemente sentidas

corpo
corpo
carne

.copo

viveu a moça de passagens
sem juízo
sem perdão
sentindo tudo

[garçom, mais uma dose desses, por favor]

02 maio, 2008

O doce sabor da ilusão

é demais p'ra mim,
realmente demais pra mim
estar ao lado teu,
tão bela criatura
[tua beleza calada
grita a mim, tão forte]
iluminando meu silêncio
e meus olhos fundos, tão pesados,
que não encaram os teus mas não pensam n'outra coisa
tua presença ali, constante
meus reflexos burros nada conseguiam fazer

é o coração... é o coração...

"minh'aura a teu lado estava"

Elenise Penha

01 maio, 2008

quebrei todos os meus anéis e fiz cortes em meus pulsos. vi o sangue, gota a gota, negro ao tocar o chão. é só sangue - disse o menino ao passar. é só sua vida. e o sangue manchou todos os livros, folha por folha, destruindo os antigos poemas e cartas inúteis. por-que não adianta só dizer, dizer, dizer. as olheiras se aprofundam e tudo em volta vai enegrecendo. "é só sua vida" - ecoa a voz. "queria enlouquecer" - diz a outra. por-que cansei de ser doida, doida de pedra. pedra degastada pelo intemperismo.

Elenise Penha