01 maio, 2008

quebrei todos os meus anéis e fiz cortes em meus pulsos. vi o sangue, gota a gota, negro ao tocar o chão. é só sangue - disse o menino ao passar. é só sua vida. e o sangue manchou todos os livros, folha por folha, destruindo os antigos poemas e cartas inúteis. por-que não adianta só dizer, dizer, dizer. as olheiras se aprofundam e tudo em volta vai enegrecendo. "é só sua vida" - ecoa a voz. "queria enlouquecer" - diz a outra. por-que cansei de ser doida, doida de pedra. pedra degastada pelo intemperismo.

Elenise Penha